* Texto publicado originalmente no site Público

Estratégia para o turismo 2020-2024 desenhou 12 pólos com o objectivo de desenvolver e explorar o que de melhor tem a região – do rio, à serra, às praias e ao luxo. Com sustentabilidade.

Mais de sete milhões de turistas, 14,7 mil milhões de euros de receita, mais de 201 mil postos de trabalho em 2018. São estes os números que demonstram o peso que o sector do Turismo tem na Grande Lisboa — é a actividade económica e social mais importante da região, representando um quinto da riqueza gerada — e servem de base ao Plano Estratégico do Turismo de Lisboa 2020-2024 que coloca o rio Tejo e a margem sul como as duas grandes apostas turísticas nos próximos anos.

Este plano, que foi aprovado pela Entidade Regional de Turismo da região de Lisboa e pela Associação de Turismo de Lisboa, e apresentado esta segunda-feira no Palácio Nacional da Ajuda, define 12 pólos de atracção turística na região, pondo o foco na “sustentabilidade do destino”, na correcção de assimetrias entre territórios e na preparação um “novo ciclo de crescimento” numa altura em que o turismo em Lisboa dá sinais de abrandamento (verifica-se, desde 2017, um abrandamento do crescimento de hóspedes, tendo-se registado em 2018 um aumento de 4,7%, quando entre 2013 e 2017 esse valor estava nos 13,4%).

O objectivo é criar “uma verdadeira região turística”, aproveitando “as valências de todos os territórios da Área Metropolitana de Lisboa”. “É urgente, é vital, que consigamos o desenvolvimento de novas polaridades”, disse na cerimónia o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina.

Os pólos propostos no estudo, que foi desenvolvido pela consultora Roland Berger, estão em diferentes fases de desenvolvimento: alguns estão já consolidados (Lisboa-Centro, Belém-Ajuda, Sintra, Cascais e Ericeira), outros em crescimento (Tejo, Lisboa Oriente, Mafra e Arrábida) e outros precisam de ser “potenciados” (Arco Ribeirinho Sul, Reserva Natural do Estuário do Tejo e Costa da Caparica).

Este plano conclui que o principal obstáculo para a mobilidade na região de Lisboa ainda é o rio Tejo, “que ‘divide’ o destino em dois e limita a dinamização da margem sul”, enquanto a margem norte “sofre de falta de qualidade de meios e serviços em termos de acessibilidade”.

A Entidade Regional de Turismo da região de Lisboa quer, por isso, voltar atenções para o rio e criar um pólo Tejo, transformando-o num “novo activo turístico” com o novo Cais de Lisboa. Mas a importância do Tejo deverá voltar-se também para o seu estuário. Será assim criado o pólo Reserva Natural do Estuário, com um turismo dedicado à tradição rural e ao usufruto do rio.

Se nos voltarmos para a margem sul, o pólo Arrábida deverá focar-se no desenvolvimento do Turismo da Natureza, com a serra e com as praias. Já o pólo Costa da Caparica deverá reforçar a qualidade dos acessos às praias e da oferta de alojamento.

No plano, é também referido que Lisboa é um “destino periférico no contexto europeu”, que depende do aeroporto para 95% das chegadas de turistas. A construção do novo aeroporto no Montijo deverá, por isso, também trazer grandes mudanças à região, o que permitirá, segundo a Entidade Regional de Turismo da região de Lisboa alavancar a criação de pólos turísticos na zona: o primeiro o pólo Arco Ribeirinho Sul, que deverá desenvolver-se muito à volta do megaprojecto imobiliário “Cidade da Água”, em Almada, terá como foco a exploração turística fluvial.

“Coser as infra-estruturas de mobilidade”
Para que estes objectivos de alavancagem do turismo nestas regiões se concretize, falta uma peça essencial que é “coser” toda a infra-estrutura de mobilidade da área metropolitana, lembrou Fernando Medina. Para tal, será lançado, no próximo dia 18, o concurso internacional para aquisição do serviço público de transporte rodoviário de passageiros na Área Metropolitana de Lisboa, que vão passar a operar debaixo de uma marca única, e, segundo foi já anunciado, permitirá aumentar em 40% a rede de transportes face à actual.

Caminhando para os territórios na zona oriental da capital, as zonas de Marvila e Beato deverão explorar a sua vocação enquanto “zonas jovens e trendy em harmonia com a raiz tradicional local”. No Parque das Nações, as infra-estruturas já existentes deverão ser desenvolvidas e Loures deverá aproveitar a realização das Jornadas Mundiais da Juventude de 2022, como “evento estruturante”.

Nas zonas da capital onde a procura turística está já consolidada, o plano propõe que, no pólo Lisboa-Centro, a estratégia passe pela promoção de novas áreas, que estão neste momento a sofrer profundas alterações, como a Praça de Espanha ou Alcântara.

Com a finalização das obras no Palácio Nacional da Ajuda, que deverá depois acolher o Museu do Tesouro Real, o pólo Belém-Ajuda poderá focar-se “na promoção de conteúdos culturais” e tentar atingir “um maior equilíbrio na utilização turística”, numa área já de si muito pressionada pelos turistas que procuram sobretudo o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém.

A Norte da capital, a Entidade Regional de Turismo da região de Lisboa quer apostar no pólo Sintra, num “turismo de maior valor”, reforçar “as soluções de mobilidade” e a divulgação das “riquezas arqueológicas e igrejas”.

Para o pólo de Cascais, o plano propõe o reforço do “posicionamento premium” com o aumento da oferta de hotelaria e restauração de luxo e a dinamização do segmento do golfe e das actividades náuticas também “de luxo”. No pólo da Ericeira, as atenções estarão voltadas para o seu reconhecimento como “Reserva Mundial de Surf”.

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